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Notícia
Juro alto puxa custo do dinheiro no Brasil e trava consumo e investimentos
Juros seguem no maior patamar desde 2006; economistas apontam causas e impactos das taxas historicamente elevadas do país
01/01/1970 00:00:00
Qual é o custo do dinheiro e quem define esse preço? O valor do real não é simples nem aleatório: no Brasil, ele é definido pela taxa Selic, que determina os juros básicos da economia e segue no maior patamar em quase 20 anos.
E quanto mais caro fica o dinheiro, mais difícil é consumir, produzir e investir no país.
"É importante e gera um efeito em cadeia. É um remédio amargo para combater a inflação. A expectativa futura é importante, quando as pessoas esperam por alta, acaba desencadeando um aumento de preços", aponta Antonio Sanches, analista de alocação no Research da Rico.
Esse “preço” do dinheiro se reflete bem além dos números — ele influencia do financiamento de um apartamento a créditos milionários para grandes empresas.
"Quando o BC aumenta os juros ou os mantém altos, ele gera um desestímulo ao consumo das pessoas. Se você pensa em comprar casa, carro, as pessoas vão pensar mais", explica.
É a velha história: juros altos encarecem o custo para tomar dinheiro, o quanto as empresas e pessoas vão ter de devolver aos bancos quando pegarem empréstimos. E com o dinheiro mais caro, operações de alto valor se tornam mais arriscadas e, em alguns casos, até inviáveis.
Para facilitar o entendimento dessa relação, Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, comparou, a pedido da CNN, dados que mostram como os juros se refletiram nos investimentos realizados no país desde 2013.
O ICC (Indicador de Custo do Crédito) - Pessoas jurídicas do Banco Central calcula o "custo médio das operações de crédito [...] das instituições financeiras integrantes do Sistema Financeiro Nacional", segundo as palavras da própria autarquia.
Já a FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) é um dos componentes do PIB (Produto Interno Bruto), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mede o aumento da capacidade produtiva de um país, através dos investimentos em ativos.
"E a gente vê que é contracíclico, então é muito claro isso: quando aumentam os juros ou começam a subir os juros, os investimentos reagem rapidamente. E é o que a gente está observando agora. Está começando a desacelerar e vai desacelerar mais forte", pontua Agostini.
Juros historicamente elevados
O BC mantém desde junho a taxa Selic no patamar de 15% ao ano.
Concentração do crédito em poucas instituições financeiras, baixo nível de renda, carga tributária elevada sobre crédito e spread bancário de conta fiscal elevada — a margem de retorno elevada dos bancos — são alguns dos problemas estruturais da economia brasileira que, segundo Agostini, explicam os juros historicamente elevados no país.
A questão não gira em torno apenas dos juros nominais, mas do real — aquele que se obtém ao descontar a perspectiva de inflação dos próximos 12 meses, o que os agentes financeiros chamam de ex-ante.
Hoje, a taxa de juros reais do Brasil é a segunda mais alta do mundo. Em 9,51%, o juro real do país perde apenas para o valor registrado na Turquia, de 12,34%.
"Uma taxa de juros real muito elevada demonstra que não está tendo uma queda das perspectivas inflacionárias na velocidade a contento do Banco Central", indica Jason Vieira, economista-chefe da Lev DTVM, casa responsável pelo levantamento de juros reais pelo mundo.
"Ou seja, há uma desancoragem das expectativas de inflação. E isso faz com que lá na frente você ainda tenha, mesmo com a inflação em queda, uma taxa de juros nominal alta", explica.
Regular os juros é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação.
E o juro real não chegou há muito tempo num patamar que de fato faça efeito sobre a inflação, ponderou em entrevista ao CNN Money Fabio Kanczuk, diretor de macroeconomia do ASA e ex-diretor de Política Econômica do BC.
Outro fator a se observar é o chamado juro neutro — ou de equilíbrio. Quando descontada a inflação, as taxas quando se encontram neste patamar nem estimulam e nem travam a economia.
O BC pondera que o juro neutro seja de algo em torno de 5%. Kanczuk observou que o valor deve ser mais elevado, circulando 7% e 8%. Ou seja, os juros reais estariam pouco acima do nível em que de fato teriam efeito sobre as expectativas de inflação.
Para Marcio Sette Fortes, professor de economia e ex-diretor do Brasil no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), "a grande verdade é que o BC não tem muita liberdade de atuação, o espaço é pequeno. O BC é obrigado a aumentar os juros na medida em que essa inflação não dê mostras de que está cedendo".
Além das questões estruturais já mencionadas, os economistas ouvidos pela CNN destacam como o cenário fiscal pesa sobre as perspectivas do quão duros teriam de ser os juros para conter a atividade econômica e, consequentemente, a alta dos preços.
"As causas acabam recaindo sobre aspectos de natureza fiscal: déficit recorrente, pressão política, patologias econômicas. O juro elevado é um aspecto pelo qual os brasileiros já convivem há bastante tempo, é difícil se livrar dessa dinâmica. O juro elevado acaba funcionando como 'termômetro' para a 'febre do paciente', e não dá para brigar com o termômetro", observa Fabio Coelho, presidente da Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais), entidade que representa os interesses de investidores institucionais.
Por conta do quão enraizado e sintomático é o problema, Camila Abdelmalack, economista-chefe da Serasa Experian, acredita que "temos sinais muito claros de que o Brasil continuará navegando com uma taxa de juros em um patamar bastante elevado, e isso vem trazendo uma série de implicações para o mercado de crédito".
"Navegar com uma taxa de juros no patamar de dois dígitos certamente não é o caminho ideal para prosperidade econômica", pontua.
Dinheiro sai da economia real
Em julho, pelo sétimo mês consecutivo, o Brasil registrou recorde de empresas negativadas com a marca de 8 milhões de CNPJs com contas atrasadas, segundo indicador da Serasa Experian.
Abdelmalack destaca que 7,6 milhões se enquadram como micro e pequenas empresas, que enfrentam mais restrição na hora de acessar crédito, o que "só mostra o quão difícil é para uma empresa voltar a ficar adimplente", segundo a economista.
"Até o final de 2025, a perspectiva é de que esse número seguirá em uma crescente. Como a concessão de crédito está mais criteriosa, parcimoniosa, por parte das instituições, vai ser muito difícil as empresas conseguirem renegociar suas dívidas", avalia.
"Esse é o desafio do empreendedorismo, [...] a taxa de juros elevada faz com que o empreendedor seja duplamente penalizado em sua estrutura de custos, tanto na dificuldade de ampliar receita como na desaceleração da demanda."
Não só as pessoas jurídicas, mas as físicas também sentem o efeito do juro alto: a inadimplência no Brasil subiu em julho para o nível mais alto em quase oito anos, enquanto o crescimento do crédito continuou a perder força em meio aos custos elevados dos empréstimos, de acordo com dados do Banco Central.
Com o custo do dinheiro elevado e os investimentos inviabilizados, para onde acaba indo esse dinheiro?
"Se você tem uma taxa de juros elevada, significa que você tem menos dinheiro disponível para a economia real, e parte desse dinheiro acaba indo para o mercado financeiro, ou seja, vai para financiar o governo através das taxas de juros", pontua Vieira, da Lev DTVM.
"É o básico da política monetária: quando a economia está muito aquecida, o Banco Central retira dinheiro da economia ao elevar os juros e encarecer o custo de investimentos. E daí, óbvio, você gera um desaquecimento", conclui o economista-chefe.
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