As atualizações dizem respeito a verificações necessárias no conjunto de regras aplicadas tanto à SEFIN Nacional, documentos fiscais autorizados no ambiente nacional
Notícia
O dilema das médias empresas em meio a um ambiente de negócios complexo
Baixa produtividade e eficiência são características desses empreendimentos, diz estudo da Fundação Dom Cabral. Mas eles respondem por um quarto dos empregos e da massa salarial, e se diferenciam por conseguirem se adaptar
01/01/1970 00:00:00
Fala-se pouco sobre as médias empresas em comparação com pequenos negócios, startups e grandes corporações. Afinal, elas representam cerca de 74 mil empresas no país - o que corresponde a apenas 0,89% do total dos empreendimentos, e 1,8% do PIB. No entanto, seu impacto é significativo, já que respondem por 18,62% dos empregos formais e um quarto (25,14%) da massa salarial.
A maioria dessas empresas (71%) é de controle familiar, sendo que 47% ainda estão na primeira geração. Um dos pontos críticos das médias empresas é a baixa produtividade: quem tem médio porte opera com apenas 68% da capacidade das grandes companhias brasileiras e fica 32 pontos percentuais atrás delas em termos de eficiência. O setor industrial é o que mais sofre, com gap de 41%.
"Isso as coloca em desvantagem tanto no mercado interno quanto na disputa internacional", diz o professor Adriano Amui, especialista em Estratégia e Marketing Estratégico da Fundação Dom Cabral (FDC).
Ele apresentou os dados do estudo "Panorama das Médias Empresas no Brasil" em conversa com o Diário do Comércio durante o "10º Fórum Anual das Médias Empresas", realizado entre 2 e 3 de setembro na capital paulista, do qual foi um dos curadores.
O estudo, baseado no relatório "Radar de Mercado das Médias Empresas 2024" da escola de negócios, que inclui dados do IBGE e da PWc, mostra que a receita líquida média desse grupo empresarial caiu de R$ 78,3 milhões em 2021 para R$ 72,7 milhões em 2023 - uma retração de 7,1% -, refletindo o endividamento elevado das famílias e o enfraquecimento do consumo.
Mesmo assim, as médias empresas preservaram margens relativamente positivas: o Ebitda ficou em 22,7% em 2023, próximo ao patamar dos anos anteriores, e a margem de lucro líquido em 10,6%, recuo em relação ao ano anterior.
Ou seja, ainda que tenha representatividade significativa em termos de geração de empregos e massa salarial, a média empresa tem suas peculiaridades. Não tem as necessidades de uma startup, por exemplo, pois já deu certo e cresceu, segundo o professor Amui, mas, por outro lado, se encontra em ponto de virada, pois precisa crescer mais, ao mesmo tempo em que compete em um "jogo de primeira liga", afirma.
"E esse jogo é mais complicado: ela vai pelo caminho no meio, mas está competindo com as grandes. E tem custos às vezes maiores que os das empresas grandes, porque não tem a mesma escala" destacou.
Já a confiança está em baixa: as projeções para os médios negócios no indicador atingiram 44,4 pontos no primeiro semestre de 2025, o menor patamar da série, iniciada em 2022. A queda reflete a percepção de custos crescentes, a instabilidade política e macroeconômica e a retração de investimentos, que caíram de 4,6% para 3,9% do faturamento bruto anual.
Porém, mesmo pessimistas, os números projetam um cenário mais positivo: o faturamento cresceu 6,1% em 2024 e deve avançar 11,7% em 2025, com aumento também no número de empregados (4,9% em 2024), informa o estudo.
Outra questão tem a ver com a estrutura e governança em transição: o perfil do segmento mostra predominância de empresas familiares, já que mais de 70% das médias têm esse tipo de controle, e quase metade ainda está na primeira geração.
A fragilidade da gestão também é significativa: apenas 11% alcançam excelência em governança, enquanto 47% estão em estágio “estabelecido” (ou seja, de amadurecimento significativo, mas ainda aquém em termos de excelência).
O dado, explicou Amui, revela a urgência da profissionalização diante dos desafios de sucessão: apenas 24% têm plano formal de transição de liderança.
"Elas têm de se profissionalizar, formar estruturas sólidas, criar processos de governança, planejamento estratégico, ter indicadores e tudo o que for preciso para conduzi-las até que mudem de patamar."
Reforma tributária é desafio. Mas há oportunidades
Quem são as médias empresas no Brasil? A definição, aponta o estudo, segue os critérios do IBGE/BNDES, que são aquelas empresas com 50 a 499 empregados, ou receita anual entre R$ 4,8 milhões e R$ 300 milhões.
Entre os setores em destaque, as trajetórias são distintas, e subdividem-se em Serviços (50%), com avanço contínuo, crescimento de receita, Ebitda e lucro líquido entre 2021 e 2023. Depois Indústria (35%), com resultados instáveis e retomada de intenções de investimento, sinalizando reação futura. Já o comércio, que teve queda expressiva de receita (de R$ 103,1 milhões para R$ 81,4 milhões entre 2021 e 2023) e do Ebitda (mais de 70% no período), reflete a pressão sobre o consumo.
Baseado nesses dados, o estudo da FDC destacou cinco gargalos centrais: produtividade baixa frente a grandes empresas; governança frágil, sobretudo em negócios familiares; dificuldade de financiamento, agravada pelo crédito caro; carga tributária complexa, com distorções regulatórias; e escassez de mão de obra qualificada, que limita a inovação.
Especificamente na questão tributária, a reforma vai representar um custo significativo e de difícil compensação, segundo Adriano Amui. Somada ao tarifaço de Trump, formam desafios extras para os médios negócios, pois podem gerar perdas possíveis mais à frente.
A reforma tributária gera a percepção de que o segmento pode ser prejudicado, pois fica no meio termo entre uma possível proteção para pequenos negócios que estão no Simples e a força do lobby das grandes corporações. "Ainda não temos os números (para as médias), mas estamos estudando a fundo e a sensação é que o impacto tributário será grande."
Já no caso das tarifas de comércio exterior, estas já afetam violentamente setores exportadores de commodities, como mineração e os médios produtores do agronegócio, destacou o professor: é um impacto direto de 50% em setores como carne, alumínio e outros - afetando diretamente as médias exportadoras. "Essas empresas precisam aproveitar nossas vantagens competitivas e entender que é possível, sim, fazer negócio com outros países."
Amui destacou ainda que o mercado consumidor brasileiro continua gigantesco e com grande potencial, especialmente nas classes C e D, que são "ávidas por consumo", e bateu na tecla da necessidade de desenvolver negócios para outros países.
"É uma rota de crescimento importante, especialmente para diversificar o risco de tarifas concentradas em mercados específicos. O Brasil tem uma imagem positiva no exterior e isso facilita a criação de acordos comerciais", reforça.
Por outro lado, há oportunidades estratégicas para as médias que têm como alavancas de crescimento a transformação digital, já associada à maior rentabilidade, investimentos em qualificação profissional com aumento da produtividade, profissionalização da governança, via conselhos e processos formais, e atuação em nichos B2B, com inovação para fomentar cadeias existentes.
Para o especialista, as médias empresas vivem um paradoxo: são pouco representativas em número, mas altamente relevantes em impacto econômico. Por isso dependem de sua capacidade para ganhar eficiência e superar gargalos. E também de adotarem novas tecnologias e buscarem o modelo de smart factory (ou fábrica inteligente, nada mais é do que a aplicação de tecnologias digitais para criar sistemas de produção mais eficientes, adaptáveis e autônomos), para reindustrializarem o país com uma base moderna e mais produtiva.
"Mas vemos um cenário bom. Muitas médias empresas que estão se preparando para ocupar espaço no mercado têm vantagem competitiva porque são ágeis, extremamente rápidas. Enquanto as grandes companhias tentam se mover em uma fração de velocidade, essa turma é capaz de se adaptar e reinventar sua operação de um dia para o outro."
Notícias Técnicas
Novas regras para preenchimento do DLI (código 2062) e critérios de Resoluções CMN e BCB
Locações e vendas continuarão com carga tributária equilibrada; novo cadastro trará mais segurança para proprietários e compradores a partir de 2027
Conteúdo já encontra-se disponível para download
NBC TPE 01 orienta escrituração de receitas e despesas, garantindo transparência e auditabilidade para partidos e candidatos
O fortalecimento do diálogo entre o terceiro setor e os órgãos governamentais será determinante para assegurar que as reformas ocorram de modo a preservar o importante papel social dessas entidades
A emissão dos despachos decisórios eletrônicos teve início nesta semana e representa um avanço significativo na autorregularização e na eficiência da auditoria tributária
Saiba como a regulamentação garante transparência e solidez ao sistema financeiro
O parecer é guardado a 7 chaves pelo relator e sua equipe. A expectativa é que o documento seja liberado durante a noite desta 3ª feira (9.set.2025).
Medidas buscam ampliar acesso ao regime simplificado e garantir formalização para novas categorias
Notícias Empresariais
É preciso tratar a mentoria reversa como estratégia para oxigenar o repertório de líderes
Setor movimenta trilhões no Brasil e oferece opções de renda fixa, ações e FIIs
Mais do que gestos simbólicos, são escolhas aparentemente simples como o momento certo de assumir que podem definir o tom de uma gestão
Os próximos meses prometem ser desafiadores para as empresas, que precisam preparar as bases para um novo ciclo fiscal
Como o Blockchain resolve os problemas dos negócios modernos
Caça-créditos tributários oferecem riscos severos às empresas; somente provas técnicas e cautela asseguram uso legítimo de créditos de PIS e Cofins
Da Política Nacional de Resíduos Sólidos aos decretos recentes, o Brasil constrói um sistema jurídico de logística reversa que alia transparência, inclusão social e inovação
Mais de 48 milhões de pessoas ainda podem ter acesso ao dinheiro
Mercado espera primeira queda do IPCA no mês de agosto. Índice que mede a inflação oficial do país será divulgado nesta quarta-feira (10/9)
Baixa produtividade e eficiência são características desses empreendimentos, diz estudo da Fundação Dom Cabral. Mas eles respondem por um quarto dos empregos e da massa salarial, e se diferenciam por conseguirem se adaptar
Notícias Melhores
Atividade tem por objetivo garantir a perpetuidade das organizações através de planejamento e visão globais e descentralizados
Semana traz prazo para o candidato interpor recursos
Exame de Suficiência 2/2024 está marcado para o dia 24 de novembro, próximo domingo.
Com automação de processos e aumento da eficiência, empresas contábeis ganham agilidade e reduzem custos, apontando para um futuro digitalizado no setor.
Veja as atribuições da profissão e a média salarial para este profissional
O Brasil se tornou pioneiro a partir da publicação desses normativos, colaborando para as ações voltadas para o combate ao aquecimento global e o desenvolvimento sustentável
Este artigo analisa os procedimentos contábeis nas operadoras de saúde brasileiras, destacando os desafios da conformidade com a regulação nacional e os esforços de adequação às normas internacionais de contabilidade (IFRS)
Essas recomendações visam incorporar pontos essenciais defendidos pela classe contábil, os quais poderão compor o projeto final previsto para votação no plenário da Câmara dos Deputados
Pequenas e médias empresas (PMEs) enfrentam uma série de desafios que vão desde a gestão financeira até o cumprimento de obrigações fiscais e planejamento de crescimento
Este artigo explora técnicas práticas e estratégicas, ajudando a consolidar sua posição no mercado competitivo de contabilidade