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Notícia
Brasil na encruzilhada entre o tarifaço e as mudanças na geopolítica global
Para empresários e economistas que avaliaram a conjuntura na ACSP, é preciso uma reação mais efetiva do governo brasileiro no sentido de promover uma abordagem mais proativa e pragmática em defesa dos interesses nacionais
01/01/1970 00:00:00
A globalização acabou: a economia foi para o 'banco de trás' e a disputa geopolítica (entre Estados Unidos e China) passou à frente. Nesse ínterim, o Brasil tem procurado se reposicionar com os BRICS e buscado os caminhos da negociação, mas ainda mantém dependência de mercados específicos e fragilidade no agronegócio de pequeno porte e algumas áreas da indústria.
Essa foi a análise dos empresários e economistas que discutiram os impactos das políticas comerciais dos Estados Unidos, especialmente das tarifas em setores-chave como agricultura, indústria e o varejo, durante reunião do Comitê de Avaliação de Conjuntura da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), realizada na última quinta-feira (28).
Todo esse cenário se desenrola em meio a desafios como desaceleração econômica, inflação, aumento da inadimplência e a busca por novos mercados, além de preocupações estratégicas com a dependência tecnológica e a posição do Brasil em um cenário geopolítico intensamente polarizado - o que aponta para a necessidade de uma reação mais efetiva do governo brasileiro no sentido de promover uma abordagem mais proativa e pragmática em defesa dos interesses nacionais.
Os especialistas exemplificaram casos como o do agronegócio, em que um representante do setor, que participou da reunião na ACSP, destacou que pequenos produtores já sentem o peso das tarifas sobre itens como frutas e couro - como as exportações de manga para os EUA, que caíram mais de 50%, inviabilizando temporariamente a agricultura de pequeno porte, destacou.
A pedido da ACSP, os nomes dos participantes da reunião do Comitê de Avaliação de Conjuntura não são divulgados.
Já a soja, um dos principais produtos da pauta de exportação do país, gera preocupação devido à alta dependência da China (70% das exportações) e à desconfiança dos Estados Unidos sobre o Brasil, já que, "infelizmente, o presidente norte-americano criou um departamento para estudar essas negociações brasileiras com a China", afirmou o representante do agro, desconfiando que existem "coisas erradas nessas exportações, alguma falcatrua ou corrupção", já que nosso país passou tão à frente dos americanos nas vendas do grão.
"Isso gera insegurança no campo. Os preços já estavam debilitados antes do tarifaço, com quedas na soja e no milho", disse, lembrando que isso se estende à dependência de fertilizantes (o potássio, importado da Rússia e Bielorrússia) e óleo diesel.
O setor de carnes, por meio da ABIEC (associação dos exportadores de carne), tem atuado proativamente, explicou outro representante do agro, com reuniões no México para que o país substitua os Estados Unidos como segundo maior importador de carne bovina brasileira. "Houve a abertura de 250 novos mercados para o agronegócio antes do tarifaço e o Brasil ainda tem área para crescer na agricultura, chegando a 80 milhões de hectares com um crescimento de 2,9% na área cultivada."
Esse representante do agronegócio reforçou ainda que essa crise não é interna, mas ditada por fatores geopolíticos, que esse é "o fim da era da globalização intensa" e que o Brasil atravessa “mares nunca dantes navegados”, preso a uma estrutura que favorece grandes frigoríficos em detrimento de pecuaristas, por exemplo.
Também lembrou que a globalização está sendo combatida pelo presidente Trump que, com o seu Make America Great Again, tem como objetivo levar investimentos e empregos apenas para o seu país. "Setores da agricultura brasileira (laranja e papel e celulose) ficaram de fora da guerra comercial, mas devido a interesses domésticos americanos. Essa mudança externa cria uma grande dúvida para o futuro da agricultura brasileira, apesar dos investimentos internos."
Praticamente zero
Caracterizada pela desaceleração do nível de atividade, a indústria já sofre os impactos do tarifaço, conforme destacou um economista especialista no setor. Os dados do primeiro semestre mostram crescimento de 1,2% contra 3,1% em igual período de 2024. "Setores dependentes de crédito (bens de capital, bens de consumo duráveis) sofreram forte desaceleração. A produção de automóveis também sente, apesar do bom desempenho das exportações, principalmente para a Argentina."
Já o impacto do tarifaço é muito forte em segmentos específicos como máquinas, e a ABIMAQ (associação do setor) já estima inviabilizar a exportação para os EUA, zerando-a, destacou, assim como em têxteis, calçadista e móveis. "As medidas governamentais para enfrentar o tarifaço são completamente insuficientes", afirmou.
A indústria de transformação, que inclui o setor têxtil e calçadista, é a mais atingida, e desenvolver novos mercados para produtos industrializados é mais lento do que para o agronegócio, destacou um empresário do setor.
Essa forte percepção de que o governo é incapaz de negociar, reforçou, tem levado indústrias a contratarem consultorias americanas para buscar acordos diretos. Porém, ambos destacaram que uma oportunidade é a taxação americana sobre a Ásia e a remoção do Remessa Conforme (programa da Receita Federal que simplifica o processo de importação e reformula a tributação de compras internacionais) para reduzir a concorrência desleal - tornando o saldo para o setor "não tão ruim."
Já a perspectiva de manutenção de empregos, mesmo com férias coletivas, é praticamente zero. "O governo parece pouco preocupado com a perda de 110 mil, 140 mil empregos. Sem um acordo internacional, fábricas poderão fechar as portas."
Refém de uma ruptura
Para os representantes do agro, o país deveria usar ativos estratégicos, como terras raras, de forma mais inteligente, para que sirvam de moeda de troca em negociações comerciais. Assim como um empresário do ramo de comércio exterior, que destacou essa falta de proatividade e planejamento estratégico do Brasil, que reage apenas quando atacado. "(As terras raras) podem ser uma segunda chance para o país desenvolver tecnologia própria, e não apenas exportar matéria-prima."
Para um especialista em geopolítica e segurança nacional presente à reunião, essa vulnerabilidade do Brasil em tecnologia, e sua dependência de serviços digitais e de infraestrutura estrangeira, poderiam ser "catastróficas" se esses serviços fossem negados ao país: 60% da infraestrutura bancária brasileira está hospedada nos Estados Unidos, e a IA já se tornou o epicentro da disputa entre as grandes potências. "Isso pode levar o Brasil a se tornar refém em caso de ruptura geopolítica", alertou.
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