Publicada a versão 1.07 do Informe Técnico 2023.003 da NF-e com atualização da tabela de combustíveis sujeitos à tributação monofásica
Notícia
Brasil na encruzilhada entre o tarifaço e as mudanças na geopolítica global
Para empresários e economistas que avaliaram a conjuntura na ACSP, é preciso uma reação mais efetiva do governo brasileiro no sentido de promover uma abordagem mais proativa e pragmática em defesa dos interesses nacionais
01/01/1970 00:00:00
A globalização acabou: a economia foi para o 'banco de trás' e a disputa geopolítica (entre Estados Unidos e China) passou à frente. Nesse ínterim, o Brasil tem procurado se reposicionar com os BRICS e buscado os caminhos da negociação, mas ainda mantém dependência de mercados específicos e fragilidade no agronegócio de pequeno porte e algumas áreas da indústria.
Essa foi a análise dos empresários e economistas que discutiram os impactos das políticas comerciais dos Estados Unidos, especialmente das tarifas em setores-chave como agricultura, indústria e o varejo, durante reunião do Comitê de Avaliação de Conjuntura da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), realizada na última quinta-feira (28).
Todo esse cenário se desenrola em meio a desafios como desaceleração econômica, inflação, aumento da inadimplência e a busca por novos mercados, além de preocupações estratégicas com a dependência tecnológica e a posição do Brasil em um cenário geopolítico intensamente polarizado - o que aponta para a necessidade de uma reação mais efetiva do governo brasileiro no sentido de promover uma abordagem mais proativa e pragmática em defesa dos interesses nacionais.
Os especialistas exemplificaram casos como o do agronegócio, em que um representante do setor, que participou da reunião na ACSP, destacou que pequenos produtores já sentem o peso das tarifas sobre itens como frutas e couro - como as exportações de manga para os EUA, que caíram mais de 50%, inviabilizando temporariamente a agricultura de pequeno porte, destacou.
A pedido da ACSP, os nomes dos participantes da reunião do Comitê de Avaliação de Conjuntura não são divulgados.
Já a soja, um dos principais produtos da pauta de exportação do país, gera preocupação devido à alta dependência da China (70% das exportações) e à desconfiança dos Estados Unidos sobre o Brasil, já que, "infelizmente, o presidente norte-americano criou um departamento para estudar essas negociações brasileiras com a China", afirmou o representante do agro, desconfiando que existem "coisas erradas nessas exportações, alguma falcatrua ou corrupção", já que nosso país passou tão à frente dos americanos nas vendas do grão.
"Isso gera insegurança no campo. Os preços já estavam debilitados antes do tarifaço, com quedas na soja e no milho", disse, lembrando que isso se estende à dependência de fertilizantes (o potássio, importado da Rússia e Bielorrússia) e óleo diesel.
O setor de carnes, por meio da ABIEC (associação dos exportadores de carne), tem atuado proativamente, explicou outro representante do agro, com reuniões no México para que o país substitua os Estados Unidos como segundo maior importador de carne bovina brasileira. "Houve a abertura de 250 novos mercados para o agronegócio antes do tarifaço e o Brasil ainda tem área para crescer na agricultura, chegando a 80 milhões de hectares com um crescimento de 2,9% na área cultivada."
Esse representante do agronegócio reforçou ainda que essa crise não é interna, mas ditada por fatores geopolíticos, que esse é "o fim da era da globalização intensa" e que o Brasil atravessa “mares nunca dantes navegados”, preso a uma estrutura que favorece grandes frigoríficos em detrimento de pecuaristas, por exemplo.
Também lembrou que a globalização está sendo combatida pelo presidente Trump que, com o seu Make America Great Again, tem como objetivo levar investimentos e empregos apenas para o seu país. "Setores da agricultura brasileira (laranja e papel e celulose) ficaram de fora da guerra comercial, mas devido a interesses domésticos americanos. Essa mudança externa cria uma grande dúvida para o futuro da agricultura brasileira, apesar dos investimentos internos."
Praticamente zero
Caracterizada pela desaceleração do nível de atividade, a indústria já sofre os impactos do tarifaço, conforme destacou um economista especialista no setor. Os dados do primeiro semestre mostram crescimento de 1,2% contra 3,1% em igual período de 2024. "Setores dependentes de crédito (bens de capital, bens de consumo duráveis) sofreram forte desaceleração. A produção de automóveis também sente, apesar do bom desempenho das exportações, principalmente para a Argentina."
Já o impacto do tarifaço é muito forte em segmentos específicos como máquinas, e a ABIMAQ (associação do setor) já estima inviabilizar a exportação para os EUA, zerando-a, destacou, assim como em têxteis, calçadista e móveis. "As medidas governamentais para enfrentar o tarifaço são completamente insuficientes", afirmou.
A indústria de transformação, que inclui o setor têxtil e calçadista, é a mais atingida, e desenvolver novos mercados para produtos industrializados é mais lento do que para o agronegócio, destacou um empresário do setor.
Essa forte percepção de que o governo é incapaz de negociar, reforçou, tem levado indústrias a contratarem consultorias americanas para buscar acordos diretos. Porém, ambos destacaram que uma oportunidade é a taxação americana sobre a Ásia e a remoção do Remessa Conforme (programa da Receita Federal que simplifica o processo de importação e reformula a tributação de compras internacionais) para reduzir a concorrência desleal - tornando o saldo para o setor "não tão ruim."
Já a perspectiva de manutenção de empregos, mesmo com férias coletivas, é praticamente zero. "O governo parece pouco preocupado com a perda de 110 mil, 140 mil empregos. Sem um acordo internacional, fábricas poderão fechar as portas."
Refém de uma ruptura
Para os representantes do agro, o país deveria usar ativos estratégicos, como terras raras, de forma mais inteligente, para que sirvam de moeda de troca em negociações comerciais. Assim como um empresário do ramo de comércio exterior, que destacou essa falta de proatividade e planejamento estratégico do Brasil, que reage apenas quando atacado. "(As terras raras) podem ser uma segunda chance para o país desenvolver tecnologia própria, e não apenas exportar matéria-prima."
Para um especialista em geopolítica e segurança nacional presente à reunião, essa vulnerabilidade do Brasil em tecnologia, e sua dependência de serviços digitais e de infraestrutura estrangeira, poderiam ser "catastróficas" se esses serviços fossem negados ao país: 60% da infraestrutura bancária brasileira está hospedada nos Estados Unidos, e a IA já se tornou o epicentro da disputa entre as grandes potências. "Isso pode levar o Brasil a se tornar refém em caso de ruptura geopolítica", alertou.
Notícias Técnicas
A EFD-Reinf é uma obrigação acessória integrante do SPED que deve ser entregue mensalmente
A resolução define que cada GT será formado por representantes das quatro entidades
As Fusões e aquisições (F&A) são operações empresariais complexas que envolvem a união de duas ou mais empresas ou a compra de uma empresa por outra
Estudo mostra que até 25% da produtividade é perdida com retrabalho e que 73% das tarefas refeitas poderiam ser evitadas com práticas simples de gestão
Saiba como o PL 1087/2025 pode afetar a segurança jurídica e a tributação de lucros até 2025 através de sua proposta
Projeto também assegura direito à estabilidade e cria salário-paternidade pago pelo INSS
O prazo para regularização de inadimplências por meio do Regime de Pagamento de Débitos de Anuidades e Multas do Sistema CFC/CRCs (Redam) foi prorrogado até 31 de dezembro de 2025
No último mês do ano é tempo do pagamento da 2ª parcela do 13º salário. E aí, você já sabe quanto vai receber ou como calcular o valor a ser pago aos empregados?
Sanciononada a Lei 15.246, de 2025, que torna permanentes as mudanças propostas pelo Poder Executivo no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
Notícias Empresariais
Transforme seus objetivos em planos de ação e evite que suas metas fiquem apenas no papel
A verdadeira motivação não vem da urgência de produzir, mas do reencontro com o propósito e o prazer em fazer
A sustentabilidade se torna um imperativo para a sobrevivência e o sucesso das empresas
Atualmente, profissionais não mudam de emprego apenas por salário; mudam por propósito
Com a taxa básica de juros estacionada e o Ibovespa nas alturas, investidores voltam as atenções ao comunicado do Banco Central, que pode redefinir o humor da Bolsa e do câmbio
Dado faz parte da pesquisa Pratique ou explique: análise dos informes de governança das companhias abertas brasileiras (2025)
A forma de distribuir os lucros pode influenciar o caixa das empresas e o valor de quem investe
A autodisciplina transforma rotina em propósito e esforço em crescimento — e é assim que nasce o equilíbrio entre resultado e bem-estar
Veja como proteger seu empreendimento de possíveis sufocos financeiros
Modelo de governança corporativa deixou de ser exclusiva apenas às grandes instituições
Notícias Melhores
Atividade tem por objetivo garantir a perpetuidade das organizações através de planejamento e visão globais e descentralizados
Semana traz prazo para o candidato interpor recursos
Exame de Suficiência 2/2024 está marcado para o dia 24 de novembro, próximo domingo.
Com automação de processos e aumento da eficiência, empresas contábeis ganham agilidade e reduzem custos, apontando para um futuro digitalizado no setor.
Veja as atribuições da profissão e a média salarial para este profissional
O Brasil se tornou pioneiro a partir da publicação desses normativos, colaborando para as ações voltadas para o combate ao aquecimento global e o desenvolvimento sustentável
Este artigo analisa os procedimentos contábeis nas operadoras de saúde brasileiras, destacando os desafios da conformidade com a regulação nacional e os esforços de adequação às normas internacionais de contabilidade (IFRS)
Essas recomendações visam incorporar pontos essenciais defendidos pela classe contábil, os quais poderão compor o projeto final previsto para votação no plenário da Câmara dos Deputados
Pequenas e médias empresas (PMEs) enfrentam uma série de desafios que vão desde a gestão financeira até o cumprimento de obrigações fiscais e planejamento de crescimento
Este artigo explora técnicas práticas e estratégicas, ajudando a consolidar sua posição no mercado competitivo de contabilidade
