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Tarifaço: 3 Cenários sobre o Que Pode Acontecer com o Brasil na Guerra Comercial contra os Estados Unidos
Analistas explicam como diferentes desfechos afetariam a economia brasileira e americana
01/01/1970 00:00:00
Desde o dia 9 de julho, o governo federal vem se mobilizando para tentar reverter as tarifas de 50% estabelecidas por Donald Trump contra as importações brasileiras. A notícia, que surpreendeu a todos, não foi bem recebida e está programada para entrar em vigor no dia 1º de agosto.
Inicialmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil responderia através da Lei da Reciprocidade, que prevê medidas retaliatórias como resposta a práticas unilaterais definidas por países ou blocos econômicos contra o país. A norma foi aprovada em abril, mas só foi assinada por Lula na última segunda-feira (14), em meio à escalada no conflito com os Estados Unidos.
Entre a notícia da nova taxa e a assinatura do decreto, o governo mudou de postura. No dia 10, pessoas próximas ao presidente afirmaram que o Brasil buscaria negociar com os Estados Unidos e, somente se as conversas falhassem, o país adotaria a Lei da Reciprocidade. Ao longo da última semana, diversas pastas vêm se reunindo com empresários dos segmentos mais afetados para buscar alternativas. O setor produtivo, aliás, é veementemente contra medidas vistas como “agressivas” e que possam jogar por terra qualquer chance de negociação com os EUA.
Após o primeiro encontro, realizado na terça-feira (15), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou que o Brasil solicitaria a prorrogação do prazo final, apenas se fosse realmente necessário. Na avaliação do Palácio do Planalto, a situação precisa ser resolvida o quanto antes.
O problema é que, naquele mesmo dia, houve uma nova escalada: o governo americano comunicou que está investigando comercialmente o Brasil. O embaixador Jamieson Greer, representante comercial dos Estados Unidos, declarou que: “por orientação do presidente Trump, estou iniciando uma investigação com base na Seção 301 sobre os ataques do Brasil contra empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos dos EUA”.
Enquanto o Brasil corre contra o tempo, a Forbes Brasil conversou com especialistas para analisar os efeitos econômicos contra o país em três cenários hipotéticos, mas não improváveis. Confira.
Efetivação da tarifa de 50%
Neste caso, a nova alíquota incidente sobre os produtos brasileiros seria a nova realidade. Em relatório, o Deutsche Bank aponta que isso afetaria entre “55% e 60% das exportações nominais do Brasil para os EUA. Enquanto o restante estaria isento ou já sujeito a tarifas setoriais.”
Na leitura de Felipe Kotinda, economista do Santander, o impacto deve reduzir a balança comercial brasileira em US$ 9,5 bilhões (R$ 52,82 bilhões) dentro de 12 meses. “No caso de uma retaliação total, com a possibilidade de cassação de patentes e de elevação de tributação sobre serviços ligados a direitos autorais, vemos as importações cedendo, mas o exercício de quantificar essa queda é mais difícil”, explica.
Para o Itaú, o fluxo de exportações para os Estados Unidos poderia cair em até US$ 16 bilhões (R$ 88,96 bilhões). A instituição, porém, observa que “tal impacto parece superestimado uma vez que é razoável supor que haverá alguma realocação de comércio dos produtos taxados para outros destinos”. Vale lembrar que boa parte do fluxo brasileiro, comercializado internacionalmente, é de commodities. De qualquer maneira, o Itaú acredita que neste cenário a moeda brasileira deve sofrer depreciação.
A busca por novos mercados é um processo que leva tempo, mas como o primeiro semestre é o mais relevante para o setor agrícola – período de colheita de grandes safras, como a de soja –, é possível que o Brasil consiga encontrar alívio até 2026, conforme aponta o professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Paulo Feldmann.
“A China deve comprar mais do Brasil, de qualquer maneira. A Europa também pode ser um novo mercado para expansão, apesar da resistência de alguns países membros da União Europeia, sobretudo a França”, afirma.
O professor da FIA considera que o setor de manufatura é o que deve ser mais afetado neste cenário, já que é bastante dependente. “É um mercado onde o Brasil está há muitos anos e conhece muito bem. Em geral, é composto por peças que são exclusivamente desenvolvidas para as indústrias americanas”, diz.
Um exemplo disso, é o caso da Embraer. “Ela sofreria uma espécie de efeito rebote, porque ao mesmo tempo em que importa peças dos Estados Unidos, ela exporta seus aviões para o mercado americano”, explica Robson Gonçalves, professor da FGV EPGE.
Há ainda a alta dos preços no Brasil, como destaca o economista Rafael Chaves, também professor da FGV EPGE, sobretudo em uma situação que além da alta taxa estabelecida pelos EUA, o Brasil responda de forma semelhante. “Isso encareceria a importação de motores e máquinas, óleos combustíveis e peças para indústria, o que significa menor crescimento econômico e pressão de preços em produtos que dependem da importação americana”, alerta.
Prorrogação do prazo por mais 90 dias
Esse é o cenário defendido por boa parte da indústria. Com um novo respiro, o Brasil teria um prazo mais extenso para trabalhar nas negociações com os Estados Unidos. Na visão de Chaves, essa possibilidade é a mais provável e positiva. Paralelamente, Gonçalves vê essa opção como uma abertura para a negociação.
Embora seja menos complicado que o previsto para o cenário anterior, ainda se trata de um horizonte de dúvidas. “Enquanto o mercado aguardar o resultado, o nervosismo deve assolá-lo. Isso deve aumentar a desvalorização do real e pode elevar a inflação”, revela o professor da FIA.
Em números, o Santander tem a expectativa de que os efeitos na balança comercial brasileira sejam mais restritos neste caso, enquanto para 2026, eles dependeriam do que ficar acordado entre as partes.
Alíquota inferior à de 50%, mas superior aos atuais 10%
Hoje, as exportações brasileiras para os Estados Unidos sofrem uma tarifa de 10%. Caso as partes entrem em acordo, é bastante provável que esse valor seja ajustado para cima, mas fique abaixo ao assustador 50%. Feldmann entende que nesta possibilidade, a melhor margem seria entre 20% e 30%, que ainda garantiriam alguma competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
Fernanda Brandão, coordenadora do curso de relações internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie, do Rio de Janeiro, acredita que se o patamar não afetar consideravelmente as importações brasileiras, o que pode ocorrer é a redução do volume comercializado com os Estados Unidos e o consequente aumento dos preços no mercado americano.
Cenário assusta, mas não preocupa
De acordo com Feldemann, o comércio exterior não é tão significativo para a economia brasileira quanto é para outros países. “As exportações brasileiras representam menos de 15% do Produto Interno Bruto (PIB)”, explica. Já Kotinda diz que, de toda forma, nenhuma dessas possibilidades altera as projeções do Santander para este ano ou 2026 para a inflação (5,1% e 4,5%) e para o PIB (2% e 1,5%).
No entanto, por se tratar do segundo maior parceiro comercial do Brasil, a situação requer cuidados. Chaves afirma que o caminho para sacramentar uma negociação com resultado positivo para o Brasil é questionar: “o que fez o país entrar na mira da maior alíquota de Trump?” De forma complementar, Gonçalves aponta que “mais do que pensar em consequências imediatas, a gente tem que pensar no que é melhor do ponto de vista estratégico”.
Além da estratégia brasileira, há ainda a possibilidade de a própria Justiça americana derrubar as tarifas recíprocas de Trump. No final de maio de 2025, o Tribunal de Comércio dos EUA suspendeu as taxas, mas o Tribunal Federal de Apelações derrubou a decisão de forma provisória, até a data do início das audiências, previstas para 31 de julho.
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