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Notícia
Ninguém segura esse crédito
Apesar de medidas do governo para conter crédito, grandes varejistas mantêm taxas e prazos
01/01/1970 00:00:00
Na semana de estreia do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 1,5% para 3% anuais, no crédito a pessoas físicas, levantamento feito pelo GLOBO em grandes redes varejistas do país aponta que a ofensiva do governo, iniciada em dezembro, para conter o consumo e aliviar as pressões inflacionárias surtiu pouco efeito até agora. Em várias redes, não houve alteração nos planos de financiamento para o consumidor. O que, segundo economistas, já coloca em dúvida se o conjunto de medidas macroprudenciais do governo - que incluem restrições ao financiamento de longo prazo, sobretudo de veículos, e elevação dos compulsórios dos bancos ainda antes do fim de 2010, passando por duas altas na Selic neste ano, além do recente aumento do IOF - será suficiente para conter a forte demanda no país. Ao tentar dar um freio no consumo dos brasileiros, o governo espera segurar a inflação - cujas expectativas para 2011 já ultrapassam os 6%, acima do 4,5% do centro da meta.
O Grupo Pão de Açúcar - com as bandeiras Pão de Açúcar, CompreBem, Sendas, Extra, Ponto Frio, Taeq, Sendas e Assaí - não modificou a forma de pagamento em suas lojas em relação a dezembro. Não houve mudanças também na Marisa. A empresa afirma que não foi atingida pelas medidas do Banco Central. Na rede de moda feminina, cerca de 80% das vendas são parceladas em até cinco vezes sem juros. A situação é a mesma na Casas Bahia. E na Leader, planos e taxas permanecem inalterados - com juros mensais de 6,90% e parcelamento em até dez meses no Cartão Leader.
- Além disso, em nosso calendário comercial, continuamos a contemplar os planos com carências especiais, em até 100 dias para começar a pagar, em caso de compras no plano parcelado (como Coleção Outono-Inverno e Dia das Mães, por exemplo) - acrescentou Gisele Antunes, diretora da Leader Card.
Já a rede Riachuelo não tem mais os mesmos prazos de dezembro. Se antes era possível pagar as compras em até 10 meses, agora, o parcelamento caiu para até oito meses. Carência de até 100 dias e taxa de juros de 6,90% ao mês permanecem os mesmos.
Brechas via leasing e pré-datado
Segundo Luis Otávio Leal, economista do banco ABC Brasil, a recente elevação do IOF não amplia o custo do crédito para os bancos. Então, o impacto da medida está, afirma, na reação da demanda do consumidor. Ele acredita, contudo, que o mercado sempre encontra brechas e uma delas pode ser, no caso dos automóveis, o leasing - que não seria afetado pela ampliação do imposto.
- Já no comércio popular, o que pode haver é uma volta ao cheque pré-datado. O que não é bom, pois, além de não ser um recurso seguro para o consumidor, dificulta análises sobre o crédito. E, diante de uma demanda aquecida, os mercados estão céticos em relação aos efeitos sobre a inflação. É preciso esperar para ver quem está com a razão - disse Leal.
Levantamento da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) mostra que os juros médios dos financiamentos ao consumo (CDC, cartão de crédito, crediário no comércio, etc) chegaram a recuar. Eram de 6,74% ao mês em novembro, antes do início da investida do governo, e em fevereiro estavam em 6,73% mensais. Nesse mesmo período, porém, houve um encolhimento dos prazos: para veículos, o prazo máximo caiu de 80 para 60 meses, e o médio, de 60 para 40 meses; e no financiamento de bens diversos, o máximo recuou de 36 para 24 meses, e na média de 16 para 14 meses.
- As medidas, por si só, não inibiram o consumo, porque o ambiente econômico continua muito bom. Os agentes financeiros, com boas margens e inadimplência ainda baixa, atraem consumidores sem ter de elevar os juros dos financiamentos - diz Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac.
Outra pesquisa, divulgada ontem pela Serasa Experian, revelou que a inadimplência subiu 1,7% em fevereiro, completando sete meses seguidos de alta. Apesar disso, o indicador permanece "inferior ao padrão histórico brasileiro". "Desta maneira, a elevação dos níveis de inadimplência dos consumidores não configuraria, por ora, descontrole, mas um movimento de retorno aos patamares históricos", diz o estudo da Serasa Experian.
Pesquisa da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP) mostra que o faturamento do varejo em fevereiro somou R$8,1 bilhões, valor 7,1% maior que o mesmo mês de 2010, e o maior desde que a sondagem começou a ser feita, nos anos 1970. No primeiro bimestre, as vendas do comércio na região metropolitana de São Paulo, que responde por 15% do varejo do país, acumula alta de 6,9% ante 2010.
Dois fatores explicam por que o esforço do governo não prosperou até aqui, segundo Altamiro Carvalho, economista da Fecomércio-SP. Na ponta do consumidor, houve um aumento de 2,1% na massa de rendimentos da região no primeiro bimestre, quando a taxa de desemprego também atingiu seu nível mais baixo em muitos anos. Na outra frente, a oferta de crédito igualmente aumentou: a média diária de concessão de financiamentos entre janeiro e fevereiro cresceu 11% ante igual período de 2010, que já estava aquecido, segundo o Banco Central.
- Mesmo com a alta dos juros, a renda continua aumentando, junto com a confiança do consumidor. E o crédito não encareceu a ponto da inibir a decisão das pessoas de comprar a prazo - diz Carvalho.
Analistas esperam novas medidas
As perspectivas de alteração desse cenário favorável ao crédito, observa Carvalho, da Fecomércio-SP, não são imediatas. Além da inadimplência continuar baixa, observa ele, no segundo semestre ainda, quando grandes categoria profissionais (como bancários, petroleiros e metalúrgicos) têm data base, a tendência é que haja correções elevadas nos salários.
- No segundo semestre, haverá mais reflexo das medidas e das alta da Selic, com um quadro menos expansivo, mas não vemos queda ou recessão, apenas crescimento a taxas mais modestas.
É quase certa, por isso, a continuação das medidas do governo em conta-gotas para tentar enquadrar a demanda.
- Possivelmente, o governo terá de implementar novas medidas mais adiante para efetivamente frear o consumo - diz Oliveira, da Anefac.
Ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), os papéis dos bancos voltaram a recuar, com o temor do impacto de novas medidas macroprudenciais. Recuaram Banco do Brasil ON (1,33%, para R$29,00), Itau Unibanco PN (0,74%, para R$37,37) e Bradesco PN (0,65%, para R$32,24). O Ibovespa, referência do mercado, caiu 0,81%, aos 68.164 pontos. A queda no preço do petróleo puxou para baixo as ações de Petrobras e de OGX.
OGX ON (ordinária, com direito a voto) foi a segunda maior queda do Ibovespa, de 3,16%, para R$19,90. Petrobras PN (preferencial, sem voto) caiu 1,86%, para R$27,49, enquanto a ordinária recuou 1,43%, para R$31,02. Os papéis refletiram a queda no preço do petróleo no mercado internacional.
- A Bolsa estava meio de lado e Wall Street começou a cair, influenciando nosso mercado. O destaque foi o petróleo - afirmou o sócio da Beta Advisors Rodrigo Menon.
Já o dólar acabou avançando 0,44% ontem, a R$1,581, depois de recuar 2,35% na semana passada, . O movimento, segundo analistas, foi pontual e a moeda americana mantém tendência de queda.
- É natural uma correção técnica depois de uma queda como a da semana passada. Mas a tendência de desvalorização do dólar permanece soberana - afirma o analista da BGC Liquidez Mario Paiva.
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