Com mais de 2,1 milhões de novas ações em 2024, empresas enfrentam riscos crescentes por falhas em escalas, jornadas e horas extras
Notícia
Intenção e reação no controle da entrada de capitais
O real tem hoje volatilidade similar (em algumas medidas menor) à do euro.
01/01/1970 00:00:00
Ninguém sabe exatamente o valor justo de uma moeda, muito menos no curto prazo, horizonte em que a cotação é função dos fluxos de compra e venda, como qualquer outro ativo financeiro.
Parte relevante desse fluxo tem um caráter de investimento ou, como alguns gostam de dizer, de especulação. Se a oportunidade é boa, o fluxo de recursos se volta para ela - nesse caso, para o real. O que é uma boa oportunidade? Ao tomar decisões de alocação, o investidor compara alternativas para escolher aquela com uma boa relação risco/retorno. Para correr um pouco mais de risco, exige retorno maior. Para ficar "sem risco", aceita retorno menor.
Seja qual for a medida que se use, a relação risco/retorno do real é muito atraente relativamente à de outras moedas. Num horizonte de um ano, por exemplo, um investimento em títulos do Tesouro brasileiro em reais apresenta rentabilidade esperada de 12,50%. Um investimento similar paga 0,75% em dólares nos EUA e 1,75% em euros na Alemanha. O diferencial de juros é, portanto, maior do que 10% ao ano.
E o risco? Quem assume uma posição vendida em dólares (apostando na baixa) e comprada (acreditando na alta) em reais assume pelo menos dois riscos. O primeiro é o risco de solvência, que é "precificado" no mercado internacional por meio de um prêmio pago por ativos brasileiros sobre os juros do Tesouro americano. Esse prêmio é hoje menor do que 1,5%. Descontando isso, o diferencial de juros ajustado cai para 8,5%.
O segundo risco, mais relevante para nossa discussão, é o de desvalorização cambial. Se o real se desvalorizar mais do que o diferencial de juros, o investidor perde, ao ter menos dólares do que antes da aplicação. Vale lembrar que o importante é qual o risco relativo de um ativo. Ou seja, a comparação entre seu risco e o das alternativas. Para embasar nosso argumento, peguemos duas formas populares de medição de risco.
A primeira é a volatilidade, uma medida da oscilação diária da cotação em situações "normais". O real tem hoje volatilidade similar (em algumas medidas menor) à do euro. Com um diferencial de juros de 8,5% a seu favor e volatilidade similar, não é de se espantar que o fluxo venha de investidores europeus e americanos para ser aplicado no Brasil, em reais. Dado que o BC tem trabalhado para tirar a volatilidade do real, é natural que ela seja de fato baixa.
A segunda maneira de se mensurar risco é o estresse: quanto o real poderia se desvalorizar num momento de estresse? Não adianta nada o investidor ganhar o diferencial de juros ao longo de algum tempo e trombar com uma desvalorização da moeda, que poderia reverter todo o lucro acumulado em anos de "carry trade". É importante, portanto, mensurar a dimensão da desvalorização cambial que poderia ocorrer num evento de estresse.
Tendo acumulado US$ 300 bilhões de reservas, o BC poderia, num momento de fuga de capitais, compensar o fluxo de saída e vender de volta aos investidores os dólares que acumulou, evitando com isso desvalorizações muito fortes do real. E o BC não tem apenas a capacidade, mas a necessidade de fazer isso se for o caso. Sob o sistema de metas de inflação, se deixasse o real se desvalorizar muito repentinamente, correria o risco de ver a inflação subir em função do encarecimento das importações, o que iria obrigá-lo a elevar os juros.
Incomodado com o forte fluxo, o BC introduziu um IOF de 6%. Com isso, diminuiu artificialmente o diferencial de juros, principalmente para posições de curto prazo (o custo do IOF se dilui ao longo do tempo). Porém, além do retorno continuar alto em termos relativos, a percepção de risco caiu ainda mais, uma vez que o investidor entende que apenas um país que não precisa de financiamento externo pode se dar ao luxo de dificultar a entrada de recursos.
Por motivo similar, quem nunca deixou de entrar num restaurante vazio para esperar na fila do vizinho cheio? É razoável afirmar que, do ponto de vista da relação risco/retorno, o fluxo de entrada tem boas razões para continuar: retorno alto, volatilidade baixa, risco de evento baixo.
Sem falar que é possível que vejamos uma aceleração ainda maior do ritmo de entrada de dólares, a medida que os agentes passem a temer que a porta seja fechada. Se a festa está boa, quem puder vai querer chegar mais cedo do que o inicialmente planejado para não correr o risco de ficar de fora.
Gilberto L. Cesar Filho é sócio-diretor da Verus Gestão de Patrimônio
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.
Notícias Técnicas
Entenda a controvérsia sobre pedidos diretos de RIFs ao Coaf por polícias civis e MP sem decisão judicial: dados de 2024, argumentos opostos e disputas STF vs. STJ
Projeto continua em análise na Câmara dos Deputados
Confira os prazos e declarações fiscais que pessoas jurídicas e físicas devem cumprir nesta semana para evitar multas e manter a conformidade fiscal
O Conselho Federal de Contabilidade lançou, o Destinômetro – uma plataforma que apresenta, em tempo real, as doações feitas por pessoas físicas a dois importantes instrumentos de apoio social
O CFC convida todos os escritórios de contabilidade do País a participarem da Pesquisa Global de Informações sobre Sustentabilidade para Pequenas e Médias Empresas
Escritórios adotam marketing digital e novas tecnologias para ampliar carteira e se manter competitivos no mercado contábil atual
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou projeto que desobriga pequenos produtores rurais não inscritos no CNPJ
A Reforma Tributária, instituída pela Emenda Constitucional nº 132/2023, é considerada a mais profunda reestruturação do sistema tributário brasileiro nas últimas décadas
Pagamento de R$ 6 bilhões beneficia cerca de 774 mil trabalhadores demitidos que aderiram ao saque-aniversário; valores médios são de R$ 7,7 mil e serão creditados entre os dias 17 e 20 de junho
Notícias Empresariais
Nesta quarta-feira, 18, o Comitê Política Monetária anunciará sua nova decisão de política monetária. A maioria do mercado aposta em uma pausa no ciclo de aperto monetário
Como a Reforma Tributária Vai Transformar o Mercado de Aluguéis para Proprietários e Investidores
Mercado Livre é principal ativo buscado por gestores nos mercados emergentes
Presidente da Câmara afirma que ambiente na Casa não é favorável ao aumento de tributos
A iniciativa do Governo Federal ofereceu descontos entre 20% e 95% e garantiu a a reinserção de microempreendedores individuais (MEIs), microempresas e empresas de pequeno porte no mercado de crédito
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse nesta quinta-feira, 12, em seu perfil no X, que o colégio de líderes da Casa decidiu pautar um requerimento
O setor produtivo recebe novamente com preocupação mais uma tentativa do governo federal de aumentar impostos com objetivos arrecadatórios
"Ninguém vai querer usar uma ferramenta que está presa em 50% de precisão", diz Paul Romer
Segmentos mais impactados pela data esperam movimento 21,7% maior do que o do ano passado, segundo a Fecomércio-DF. Muitos consumidores seguem em busca do presente perfeito para celebrar o amor
Miley Cyrus e outros famosos revelam como tentavam esconder gastos indevidos de seus contadores. Entenda as estratégias usadas e as consequências de tais ações
Notícias Melhores
Atividade tem por objetivo garantir a perpetuidade das organizações através de planejamento e visão globais e descentralizados
Semana traz prazo para o candidato interpor recursos
Exame de Suficiência 2/2024 está marcado para o dia 24 de novembro, próximo domingo.
Com automação de processos e aumento da eficiência, empresas contábeis ganham agilidade e reduzem custos, apontando para um futuro digitalizado no setor.
Veja as atribuições da profissão e a média salarial para este profissional
O Brasil se tornou pioneiro a partir da publicação desses normativos, colaborando para as ações voltadas para o combate ao aquecimento global e o desenvolvimento sustentável
Este artigo analisa os procedimentos contábeis nas operadoras de saúde brasileiras, destacando os desafios da conformidade com a regulação nacional e os esforços de adequação às normas internacionais de contabilidade (IFRS)
Essas recomendações visam incorporar pontos essenciais defendidos pela classe contábil, os quais poderão compor o projeto final previsto para votação no plenário da Câmara dos Deputados
Pequenas e médias empresas (PMEs) enfrentam uma série de desafios que vão desde a gestão financeira até o cumprimento de obrigações fiscais e planejamento de crescimento
Este artigo explora técnicas práticas e estratégicas, ajudando a consolidar sua posição no mercado competitivo de contabilidade